Cantigas
de amor: foram influenciadas pelas cantigas provençais e têm nisso uma fonte de
prestígio, se apresentam de forma mais elaborada e complexa. Geralmente
cantadas por trovadores nobres ou sob tutela de nobres e apresentam voz
masculina. Seu tema principal é a “coita” que é o sofrimento e a tensão gerada
entre a recusa e a indiferença da “senhor” ao amor que lhe é oferecido. A
relação do amor é imposta pela igreja como algo espiritual e platônico. Os
trovadores usam em suas cantigas muitas referências ao amor "espiritual" e ao fato de de que não poder ver nem tocar suas amadas, chamadas na lírica trovadoresca de "Senhor". O trovador é incapaz de dizer do seu amor, e por ele
preza e zela, mas apenas no seu imaginário, o amor por ele vivido foge a sua realidade.
Cantigas de amigo: Falam sobre amor,
trovadores homens que expressam a psiquê das mulheres normalmente narrando a
separação da donzela e do seu namorado. A escolha lexical e a estruturação
sintática são mais simples que nas cantigas de amor. Sofrem influências das visões de mundo das
classes populares, tem como tema central o amor natural da ordem do instinto,
corpo e psiquê, reage contra a concepção espiritual de amor. A voz é feminina,
dotada de simplicidade popular, provavelmente de camponesas, sofre influência
das Kharjas (pequenas cantigas em voz de mulheres).
Cantigas de escárnio e mal dizer: Em
geral a voz é masculina, sofrem influências nobres e dos populares. São
conhecidas como cantigas “satíricas”, e tem por objetivo criticar algo ou
alguém. Nas cantigas de escárnio os trovadores se utilizam das palavras “encobertas”
que possuam duplo sentido para que sua crítica seja registrada, mas não
facilmente identificada. Já as cantigas de mal dizer se utilizam da linguagem
do dia a dia, onde a crítica é identificável e utilizam das palavras “descobertas”
e as de baixo calão. Observaremos abaixo fragmentos retirados da Arte de Trovar
– Do cancioneiro da Biblioteca Nacional, onde apresentaremos definições ainda
escritas em galego-português:
“Cantigas d’escarneo som aquelas que os trobadores fazem querendo dizer
mal d’alguém em elas, e dizem-lho per palavas cobertas que hajam dous
entendimentos, pera lhe-lo nom entenderem[...]”
“Cantigas de maldizer som aquela [s] que fazem os trobadores [..]
descobertamente e [em] elas entram palavras
e [m] que querem dizer mal e nom haver [am] outro entendimento senon
aquel que querem dizer [...]”
Referencial
teórico:
A
arte de trovar – Do Cancioneiro da Biblioteca Nacional. http://cantigas.fcsh.unl.pt/index.asp:
último acesso em 09 de abril de 2017.
MONGELLI,
Lênia Márcia. Fremosos Cantares: antologia
da lírica medieval galego-portuguesa. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
SPINA,
Segismundo: A lírica trovadoresca.
São Paulo: Edusp, 1996.
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